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Olho Vermelho: o que é?
O “olho vermelho” é um dos sinais mais frequentes de inflamação ocular. Este pode-se apresentar em diferentes patologias oculares, desde situações inócuas a patologias mais severas e que requerem tratamento urgente.
A causa poderá ser diagnosticada através da avaliação detalhada do historial clínico e uma observação ocular cuidada, sendo que em casos mais graves é necessário um estudo sistémico para identificar a origem.
É crucial saber quando o paciente deverá ser referenciado com urgência a um médico oftalmologista, de modo a agilizar o início do tratamento e aumentar o sucesso do mesmo. Os principais sintomas que deverão despertar preocupação são: Dor intensa, Redução da Acuidade Visual e Alterações Pupilares2.
Causas de Olho Vermelho
Conjuntivite
A conjuntivite é a principal causa de olho vermelho e uma das principais indicações para a prescrição de antibióticos3. Esta poderá ser de origem alérgica, bacteriana e viral, pelo que a capacidade de diferenciar os três tipos é importante para uma prescrição e tratamento eficaz. Deve-se avaliar os sintomas, o tipo de secreção presente e a história clínica pois apresentam as três o mesmo tipo de vermelhidão ocular (Hiperémia conjuntival centrípeta)2.
Consoante o tipo de conjuntivite o tratamento pode ser tão simples como afastar a causa (Ex. conjuntivite alérgica) ou necessitar de observação por um médico oftalmologista (Ex. conjuntivite viral), portanto torna-se importante não recorrer a medicação anteriormente prescrita para tratamento. Tendo em conta que é uma condição potencialmente contagiosa é importante suspender o uso de maquilhagem e lentes de contacto em qualquer suspeita de conjuntivite até o diagnóstico e término de tratamento.
Olho seco
É uma condição com uma crescente incidência no mundo ocidental que se caracteriza por um decréscimo da produção lacrimal ou da qualidade da mesma e pode apresentar-se em qualquer idade ou sexo, apesar de ser mais comum em idades mais avançadas e no sexo feminino, ou estar associada a outras condições sistémicas.
O diagnóstico é feito através da observação ocular, mas é também importante identificar o ambiente ao qual o paciente está exposto habitualmente (Ex. ar condicionado, trabalho em ambientes com partículas suspensas no ar) e a história ocular anterior (Ex. cirurgia refrativa). Nestes casos a visão mantém-se preservada e os sintomas mais frequentes são a sensação de corpo estranho, prurido e lacrimejo frequente1.
O tratamento é habitualmente feito através de lubrificantes oculares.
Hemorragia Subconjuntival
Apresenta-se como uma hemorragia em toalha na zona escleral2. Esteticamente é a condição mais evidente no que toca a olho vermelho, mas habitualmente não apresenta um risco para a visão. A mesma mantém-se preservada, sem compromentimento corneano, não existem secreções e a dor varia de mínima a inexistente1.
Habitualmente é uma solução que se resolve espontaneamente, mas é importante identificar a causa (Ex. Hipertensão arterial, esforço físico excessivo, disturbios sanguíneos)1.
Episclerite
É uma inflamação localizada nas camadas mais superficiais da episclera. Normalmente não compromete a visão, mas pode ter dor localizada à palpação1,2 e é uma lesão confinada a uma área pequena.
Normalmente não requer tratamento específico e deverá passar de forma espontânea. Em casos de recidiva ou episódios recorrentes deverá ser feito um estudo sistémico, pois pode estar associado a condições imunológicas.
Queratite
É um dos tipos de olho vermelho considerado graves. Apresenta-se com dor ocular forte, fotofobia intensa e diminuição de visão2, podendo também associar-se sensação de corpo estranho e secreção mucopurulenta1.
À observação podem encontrar-se zonas de opacidade corneana, uma hiperémia de tipo ciliar na zona afetada e stainning com fluoresceína.
É imperativa a observação por um médico oftalmologista de modo a ser diagnosticada a causa e tratada prontamente.
Uveíte
Trata-se de uma inflamação da úvea, que é a estrutura ocular onde se encontram a íris, o corpo cíliar e a coroide. A uveíte pode classificar-se de quatro formas distintas de acordo com a zona da úvea que se encontra afetada.
A uveíte anterior caracteriza-se por uma inflamação que atinge a íris, a uveíte intermediária por uma inflamação do corpo ciliar que pode atingir o humor vítreo e finalmente na posterior encontramos uma inflamação que pode comprometer a retina e coroide. A panuveíte é uma inflamação que afeta todo o trato uveal.
Habitualmente a uveíte anterior, que também pode ser designada de iridociclite, é o tipo de uveíte que mais se associa ao olho vermelho. Nesta encontramos uma hiperémia centrífuga, comprometimento da visão, fotofobia intensa, irregularidades pupilares e nas reações da pupila à luz, lacrimejo e em alguns casos a pressão intraocular pode estar alterada 1,2,4,5.
É imperativa a referenciação para um médico oftalmologista de modo a obter um diagnóstico correto e iniciar um tratamento eficaz de modo a reduzir os sintomas do paciente e a inflamação. Usualmente está associada a patologias sistémicas, pelo que são feitos exames sistémicos de modo tratar a causa, para que as recidivas sejam mínimas.
Glaucoma agudo
O glaucoma agudo é uma condição grave em que existe uma súbita subida da pressão intra-ocular. Apresenta-se como uma hiperémia marcada do tipo ciliar, lacrimejo e dor intensa mas também podem ocorrer náuseas e vómitos.
Os pacientes queixam-se de redução de acuidade visual, visualização de halos luminosos e à observação encontramos uma pupila assimétrica não reativa à luz, usualmente com o diâmetro vertical superior ao horizontal e pode estar presente um edema corneano.
É um caso para referenciação urgente para o serviço de urgências de oftalmologia mais próximo de modo a tratar com hipotensores e diminuir a dor.
Em suma, o olho vermelho pode ser um indicativo de várias condições oculares pelo que é importante existir uma avaliação cuidada e atenta de todos os sinais e sintomas por parte do seu profissional de saúde de forma a obtermos um tratamento eficaz e duradouro. A auto-medicação nunca é a resposta, em qualquer que seja a situação.
Referências Bibliográficas:
1. Cronau, H et al. 2010. Diagnosis and Management of Red Eye in Primary Care. American Family Physician, Volume 81: 137-144.
2. Direção de Serviços de Cuidados de Saúde (2008). Boas Práticas em Oftalmologia. 1ª edição, Direção-Geral da Saúde. Lisboa.
3. Petersen I, Hayward AC 2007. Antibacterial prescribing in primary care. J Antimicrob Chemother. Volume60: 43-47.
4. Wang, Robert C., Rao, Narsing. Idiopathic and other anterior uveitis syndromes. Ophthalmology, 3ª Edição, 2008.
5. LaMattina, Kara C.- Uveítes. Disponível em: < www.msdmanuals.com/pt-pt/casa/dist%C3%BArbios-oftalmol%C3%B3gicos/uve%C3%ADte-e-dist%C3%BArbios-relacionados/uve%C3%ADte >. Acesso em: 11 de Março de 2019
2019.03.20